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Desde o ano de 1500, milhões de árvores de pau-brasil (Paubrasilia echinata) foram cortadas, enviadas para a Europa e reduzidas a pó para a produção de corante avermelhado destinado a tingir as vestimentas da nobreza europeia.

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Juntamente com outras árvores, o pau-brasil foi subtraído do bioma Mata Atlântica, atualmente reduzido a 7% da vegetação original, sendo praticamente eliminado da floresta. Assustadoramente, processo similar está em curso acelerado na Amazônia, bioma que pode ter o mesmo destino que o da Mata Atlântica.

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O pau-brasil, nossa planta fundadora, é desconhecida por grande parte do povo brasileiro e foi quase eliminada também de nossa cultura. Aprendemos na escola uma versão romantizada da história da colonização e da exploração dessa espécie, versão essa que ofusca a violência com que foi extirpada do nosso solo com mão de obra indígena e africana. Ao chegar no velho mundo, a árvore virava cor.

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O cozimento da serragem originária do cerne do caule resulta em um líquido de tons variados, a depender da reação provocada por elementos químicos adicionados e até mesmo pelo material do repositório utilizado. Seus tons podem variar entre as cores púrpura, carmim, escarlate e alaranjado, entre outras nesse matiz.

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O pau-brasil segue hoje sob ameaça de extinção e ao mesmo tempo como uma imagem que representa o que ainda somos como país. O pau-brasil cabe como metáfora da difícil realidade do passado e do presente que ainda tem entranhada as raízes do extrativismo e colonialismo.

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O presente trabalho em desenvolvimento é uma reflexão histórica por meio de uma proposta estética e crítica sobre os acontecimentos que envolveram o pau-brasil durante os últimos seis séculos e que, de certa forma, estão refletidos na atual situação econômica, política, social e ambiental. Este é mais um resultado da profunda pesquisa por mim realizada com a temática pau-brasil, incluindo a produção de livros de artista, ensaios fotográficos, colagens, gravuras e experimentações envolvendo história, cartografia, botânica, meio ambiente, estudo das cores e tingimento em tecidos e papéis.

 

José Diniz    

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