No ensaio, o fotógrafo cria uma narrativa enebriante, a partir de um acontecimento real. Uma mulher, durante um sonho, navega por cenas delirantes, resquícios de lembranças concretas ou talvez imaginadas. E parece aguardar que o mar responda ou retorne o que tanto busca. O fotógrafo, também personagem, cria ou encarna nesse sonho performances fantásticas à beira-mar.
A narrativa é onírica, mas inspirada numa história real. Em 1958, o cargueiro “Camboinhas”, procedente de Buenos Aires, com destino ao Rio de Janeiro, teve uma pane nas suas máquinas na altura da Restinga da Marambaia. O navio foi socorrido por um rebocador com o objetivo de chegar ao Rio. Por infortúnio, em frente à Baía de Guanabara, uma grande ressaca naquele dia fez romper a corda que rebocava o navio, deixando-o à deriva, terminando por encalhar nas areias de uma praia em Niterói. Essa praia, na ocasião um lugar selvagem e deserto, mantém expostos até hoje os restos do navio na forma de uma espinha dorsal que exibe suas garras entre a areia e a arrebentação. A praia foi posteriormente batizada como Camboinhas e é onde o fotógrafo vive, trabalha e sonha.