Reconstituir as lembranças por mim vividas na infância às margens do Rio São João. Esse rio que desagua em Barra de São João é berço do poeta Casimiro de Abreu e foi cenário de quadros de Pancetti.
Navegar era uma obssessão, cruzar o Rio era um desafio, uma travessia para o desconhecido. Na memória, ficou marcada a hidrodinâmica da canoa singrando pelas correntes.
Meu pai, artista plástico e professor de desenho, pintava e desenhava as paisagens daquele lugar, transmitindo as possibilidades artísticas, me exercendo forte influência.
Gaston Bachelard no seu livro A Poética do Devaneio cita “Uma infância potencial habita em nós. Quando vamos reencontrá-la nos nossos devaneios, mais ainda que na sua realidade, nós a revivemos em suas possibilidades. Sonhamos tudo o que ela poderia ter sido, sonhamos no limite da história e da lenda. Para atingir as lembranças de nossas solidões, idealizamos os mundos em que fomos criança solitária.”