A cidade do Rio de Janeiro, como qualquer grande cidade, possui características físicas e geográficas, composta por lugares onde o homem atua como agente da sua transformação, modificando os espaços nativos, destruindo, concretando. Essa metamorfose provoca uma permanente dinâmica no desenho da paisagem urbana determinando os aspectos físicos. Simultaneamente, a geografia mental dos que habitam nas cidades é constituida de elementos emocionais e subjetivos associados quase sempre a desordem, inconformismo e mal-estar.
Adjacentes e bem próximas, o Rio possui inúmeras ilhas oceânicas que podem ser observadas a partir da cidade. São praticamente inabitadas e intocáveis conferindo um caráter selvagem e inefável, preservadas pela descontinuidade desses territórios com a terra.
Como constante observador, esses fragmentos de terra no horizonte me induzem a devaneios e à curiosidade pelo seu lado oculto. Me distanciam do concreto e cria um desejo de experimentar a solidão e a separação do mundo real, isolado do caos cotidiano que nos afligem.
Tão perto, tão longe, essas ilhas podem estabelecer diferentes relações físicas e mentais propondo ao observador a superação de espaço e de tempo.